quarta-feira, 15 de abril de 2009

Choque Cultural

No início do mês estive com mais três grandes amigos na Web2.0 expo em San Francisco - CA. Dentre muitas apresentações legais e outras nem tanto, me chamou a atenção a trilha voltada a serviços de governo - sim, lá eles discutem assuntos de governo. Vou destacar aqui duas delas que me fizeram comparar com nossa realidade aqui no Brasil.
A primeira falava de aplicações de web2.0 voltadas à comunidade, me chamou a atenção ver a sala lotada, já com algumas pessoas no fundo, em pé. O palestrante começou a mostrar algumas iniciativas bacanas, como as da cidade de Washinton e do portal Apps for Democracy. O ponto mais interessante é que todas essas iniciativas partiram da sociedade, que se reúne em comunidades, sejam elas presenciais ou na web. Essa força toda obriga o Governo a prestar contas, e principalmente a agir. Foram vários os exemplos dados, que variam desde a reclamação de um buraco na rua até mobilizações para a retirada de indústrias poluentes no perímetro urbano.
A segunda tinha tudo para ser daquelas que você encontra meia dúzia de pessoas na sala, já que era a ultima apresentação do ultimo dia de evento (sexta-feira), mas pelo contrário, estava lotada, com gente de pé em todos os espaços livres da sala. E qual era o assunto? Nada mais que as estratégias da campanha do Barack Obama em usar a web como ferramenta de divulgação. Logo de início senti na pele a admiração que eles têm pelo Obama, foi só a foto dele aparecer para começarem os aplausos e as manifestações de apoio.
A campanha do Obama é considerada como a que melhor utilizou a web como plataforma de comunicação com seus eleitores. Usaram de tudo, desde o bom e velho e-mail, até blog, SMS e principalmente a divulgação de vídeos pelo Youtube, que segundo o palestrante, economizou milhões de dólares de compra de espaço na TV, já que os vídeos viraram sucesso de público, e não custavam nada para serem divulgados.
Outro fato importante foi a mobilização de comunidades através de ferramentas de web2.0, que através de ferramentas de geolocalização, mapeavam os estados de maior eleitorado e convocavam os participantes de localidades com menos intenção de voto para irem à rua - batendo de porta em porta, para pedirem voto ao Obama.

Alguns números da campanha:
  • 1B de emails para 13M de endereços;
  • 1M de SMS subscribers;
  • 25.000 grupos de voluntários;
  • 14,5M de views aos vídeos publicados no Youtube.
Agora que a eleição passou e a campanha foi vitoriosa existe uma forte mobilização da sociedade para o que eles chamam de Transparência Total das Ações do Governo. Isso está fazendo nascer ferramentas para coleta e publicação das decisões tomadas, e principalmente, quanto isso custou ao bolso da sociedade.
Voltei para o Brasil com vontade de ver essas iniciativas acontecerem por aqui, e com a lição de que a melhor forma de fazer o Governo agir é com a participação e cobrança da sociedade que o elegeu.